sexta-feira, 23 de julho de 2010

Um post sobre o nada


Inspirada em Seinfeld, o seriado descrito como sendo sobre nada? Sim.
Inspirada nos blogueiros que falam sobre seu dia-dia como quem recita poesia; ou como quem desabafa com um grande amigo; ou como quem conta uma anedota; entre outras maneiras de se falar do cotidiano? Também sim.

Adoro o nada de SEINFELD e adoro os blogueiros que transformam o nada em uma boa história.
Assim, meu post é sobre o nada. O nada que é tudo.
Em maio eu escrevi uma última linha no meu diário. A rotina agitada não me permitia mais escrever tantas coisas e tão detalhadamente. Grande ironia, pois, quanto mais se tem a escrever menos se tem tempo para escrever.  Nem uma agenda ou um caderno decente eu comprei para ser meu diário desse ano. Achava uma folha e escrevia e colocava no meio do caderno que foi a agenda do ano passado. O hábito de relatar meu dia-dia está presente há anos. E eu sinto uma certa culpa em não contar o que vivi. Sinto também alguma liberdade. Afinal, só tenho os fatos na memória e não posso ficar relendo e me analisando como sempre fiz. Confesso, contudo, que já tive vontade de sentar e tentar juntar os fragmentos da memória e reconstituir os acontecimentos. Acho que vou acabar fazendo isso, mas, infelizmente, grosseiramente. A rotina já não está agitada e eu não tenho escrito nada da minha vida- exceto minha lista mensal de filmes assistidos que posteriormente serão lançados na lista do Excel onde ficam todos os títulos dos filmes que eu já assisti na vida, em ordem alfabética. Enfim, suponho que o diário tenha sido abandonado apenas temporariamente.
Mais sobre o nada
 Os fatos não relatados dos últimos meses somam mais experiências interessantes que uma agenda inteira de algum tempo passado. Uma pena que eu não os tenha escrito. Eu passei por todas as estações em uma só, vivi pequenas aventuras e desafios, reaprendi a chorar, voltei a me preocupar com o futuro e a sofrer com a insegurança, também fiz muita gente gargalhar, eu mesma ri de mim. Pensamentos misturados se confundindo com novas constatações. Vivendo o conformismo enquanto por dentro um eu mais dinâmico lutava (e espero que continue lutando) para quebrar uma muralha pessimista e ver o sol brilhar.
Ainda mais sobre o nada
Muitos posts do blog são de textos feitos quando eu era mais floral e menos espinhosa. Antes os textos eram quase sempre muito otimistas, mas, nos últimos tempos dentro de mim eu só via areia. Foi então que escrevi a poesia “Perdida no deserto” e passei um dia inteiro fazendo uma colagem virtual com imagens que pudessem traduzir um pouco a angústia que às vezes me toma.

No fundo, a alegria sempre foi minha melhor característica e o entusiasmo me fazia transformar o que era chato, banal para os outros em algo mágico para mim.  Eu ainda sinto uma alegria esfuziante dentro de mim, mas, agora menos colorida. Hoje, esse surrealismo lírico me faz falta. E eu quero reencontrar essa essência infantil, mágica e pura. Só não sei o que farei com toda a ironia que me envenenou, mas que me trouxe uma malícia, um sarcasmo que embora me angustiem, me deram um humor negro que tem lá seus encantos.

Trilha sonora:    Nothing and everything - RED
                           

POR HORA, NADA MAIS A DECLARAR.

by Daniella Dal'Comune - 2010