segunda-feira, 31 de maio de 2010

Un belo día, que belo día!

DIVÃLOSOFANDO + DIVAGARTE
Mosaico com imagens do Cemitério Municipal de Guarapuava-Paraná, 
Fotografadas por Daniella Dal'Comune


“Un belo día, que belo día”¹. O céu azulzinho, o sol abrilhantando a vida. O dia sorri. O coração se preenche de uma alegria pura. Um dia tão lindo convida a sair, a agir. Assim, desperdiçar um dia maravilhoso também me enche de culpa se não for capaz de aproveitá-lo.  E por isso, às vezes, a beleza do dia me fere. Enquanto a chuva forte serve de consolo para minha inércia. No entanto, um belo dia de sol estampado no azul de um céu sereno com ares frios é ainda mais cheio de magia. Se está frio, a culpa diminui e a beleza permanece.  Flutuo pela ruazinha. É a alma que de tão leve me escapa o corpo. Sinto os pés no chão ora sim ora não.  A beleza do dia entorpece e transforma até como se vê as pequenezas do mundo. A vida é surreal. A Vida é poesia.
O olhar parece um radar detectando delicadeza e pintando um quadro a cada passo. Na busca de criar ou recriar pinturas, canções e cenas de filme que me são inspiradoras, chego aos parques da cidade, com lagoas e lagos coloridos pelo anil celeste. Essa busca algumas vezes me leva ao cemitério municipal. Flutuo pela ruazinha. As árvores parecem mais altas. Há uma serenidade, uma paz que paira. Um reconforto. O tempo que não urge. O silêncio que absorve. Entre túmulos, estátuas, flores e velas. O céu está azul, o sol está brilhando, pássaros estão cantando e eu sinto a face tocada pelo ar gélido. De repente, faço parte da cena, da melodia, da pintura, da magia. Estou viva e “o tempo não pára, não pára não”². Mas, naquele instante o tempo parece estar congelado. No fim, o tempo passa, mas o momento se eterniza em mim.
Olhar uma imagem é capacidade de qualquer pessoa que possua visão. Perceber sua beleza é capacidade de quem enxerga com o coração. Não confie nos olhos mais do que no coração. Pois, os olhos estão entre dois mundos. Mas o coração está sempre do lado de dentro.

1- Música : Um belo dia – Orishas.
2 – Música : O tempo não pára - Cazuza

Embora a letra de “Pet Sematery”  (Ramones) e “One headlight” (The Wallflowers) não  tenham  nada a ver com o texto  além da palavra cemitério, gosto muito de suas  melodias e as incluo como trilha. 


Texto e fofografias by Daniella Dal'Comune - 2010
 
Essa postagem foi feita especialmente para participar da segunda blogagem coletiva do Espaço Aberto:  http://migre.me/Ky2N